Os efluentes de restaurantes e de fábricas de processamento de alimentos, geralmente, incluem gorduras e óleos, além de outras matérias orgânicas, o que torna a canalização altamente propícia a bloqueios e a precisar de ser removida. Além disso, os municípios também colocam limites às descargas de gorduras, logo, coloca-se a questão de saber como eliminar óleos e gorduras do seu efluente?
Existem três opções diferentes de tratamento para remover gorduras e óleos de um efluente:
- Tratamento Mecânico – o mais simples é um separador de gordura, que permite que as gorduras e óleos flutuem até a superfície num tanque especialmente projetado, onde podem ser removidos manualmente. Porém, este tipo de tratamento pode facilmente ficar sobrecarregado e pode necessitar de apoio químico ou biológico.
- Tratamento Químico – envolve o uso de produtos químicos desinfetantes fortes, como ácido hipocloroso ou soda cáustica. Os produtos químicos reagem com a matéria orgânica para dissolvê-la e permitir o fluxo normal do efluente, através da canalização. Geralmente, são precisas dosagens muito frequentes, o que encarece o processo e torna-se inconveniente, além de ser um perigo para o ambiente.
- Tratamento Biológico – este método utiliza bactérias naturais, ou enzimas, para digerir a matéria orgânica e removê-la do efluente. As bactérias podem-se alimentar dos hidrocarbonetos complexos, presentes nos óleos e gorduras, para produzir dióxido de carbono, água e ácidos gordos solúveis (que são inofensivos). O tratamento bacteriológico pode envolver o uso de bactérias vivas ou na forma de enzimas que aceleram as reações químicas para eliminar óleos e gorduras.
Os tratamentos bacteriológicos são a opção mais ecológica e, geralmente, a solução mais eficaz e mais económica, no entanto, qual é a principal diferença entre produtos químicos bacterianos e enzimáticos em termos de desempenho?
Qual é a diferença entre tratamento com bactérias ou com enzimas?
Para comparar o desempenho ou a eficácia dos produtos de limpeza bacteriológicos e enzimáticos, é imperativo compreender o mecanismo que está por trás destes dois tipos de produtos de limpeza. No entanto, deve-se notar que os produtos de limpeza enzimáticos são derivados de bactérias (através da fermentação).
Os tratamentos bacteriológicos constituem, principalmente, organismos unicelulares vivos (bactérias) que decompõem o óleo e as gorduras na presença ou ausência de oxigénio. As bactérias segregam enzimas naturais que decompõem os resíduos orgânicos e os convertem em dióxido de carbono e água, de modo que as bactérias funcionam como mini-fábricas químicas, produzindo os produtos químicos naturais (enzimas) que decompõem as gorduras e os óleos, para que sejam capazes de usá-los como fonte de alimentação.
Os produtos de limpeza enzimáticos, por outro lado, são um grupo de compostos químicos ou proteínas (não vivas) que decompõem os resíduos orgânicos. Com base na sua capacidade de decompor tipos específicos de matéria orgânica, as enzimas são classificadas como:
-Protease – Enzimas que atacam resíduos à base de proteínas, como sangue, carne, fezes, etc.
-Lipase – Enzimas que atacam gorduras, óleos e gorduras
-Amilase – Enzimas que atacam alimentos ricos em amido, como arroz, batata, etc.
-Xilenase – Enzimas que atacam alimentos vegetais, como vegetais
-Celulase – Enzimas que atacam as fibras de madeira presentes em papel e produtos de papel
Vantagens e desvantagens – bactérias v enzimas
- Tratamentos enzimáticos devem ser formulados para incluir as enzimas específicas que serão necessárias para realizar uma tarefa específica (neste caso, degradar óleos e gorduras). Quando as enzimas se esgotarem, precisam de ser reaplicadas. As bactérias, por outro lado, podem produzir uma variedade de enzimas e, na presença de uma fonte de alimento, multiplicar-se-ão rapidamente até serem eliminadas do sistema com o caudal do efluente.
- Os tratamentos enzimáticos normalmente proporcionam um resultado quase imediato, pois as reações químicas podem começar assim que o produto é aplicado, enquanto as bactérias precisam de tempo para começar a produzir as enzimas, daí ser um processo mais demorado.
- Os produtos bacterianos conterão uma variedade de bactérias diferentes, isto é, de acordo com a natureza exata do efluente que está a ser tratado, eles ir-se-ão adaptar, rapidamente, às bactérias mais adequadas para digerir esse tipo específico de efluente, multiplicando-se rapidamente, e às outras estirpes de bactérias (que não possuem fonte alimentar preferida) reproduzindo-se mais lentamente. Isto significa que a população bacteriana adaptar-se-á automaticamente para tratar a natureza do efluente, enquanto que os tratamentos enzimáticos têm uma proporção fixa de diferentes enzimas.
- Por fim, como as bactérias se reproduzem naturalmente, a dosagem destas só necessita de ser como que semeada no tanque onde serão aplicadas, logo, basta usar uma dosagem relativamente pequena pois as bactérias ir-se-ão reproduzir naturalmente.
As enzimas precisam de ser aplicadas como qualquer outro tratamento químico, com dosagens constantes e volumes relativamente elevados, o que pode torná-las uma opção muito mais cara.
No entanto, é de notar que apesar da liofilização de bactérias ser um processo muito mais complexo do que a colheita e preservação de enzimas, isto é, o seu “fabrico” é caro, na realidade só se precisa de uma pequena dosagem, pelo que, a longo prazo torna-se mais eficiente o uso de bactérias.
Em conclusão, pode-se observar que quer as bactérias quer as enzimas podem desempenhar um papel em diferentes cenários de tratamento, contudo, geralmente para uma opção de tratamento a longo prazo para óleos e gorduras, as bactérias serão a opção mais eficaz e de menor custo.
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